Exercicício: Leia o seguinte texto e diga se concorda com ele ou não. Explique por quê.
O mais humano dos deuses do futebol
"Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem.
Para sempre. E, como se sabe, 'sempre' não acaba nunca". Esse pequeno
fragmento de "Como nascem as estrelas", de Clarice Lispector, cai
como uma luva para explicar a carreira de um homem que não se contentou apenas
em brilhar nos campos de futebol.
Maradona completa 52 anos
nesta terça-feira. E é correto dizer que o "Pibe" tem lugar cativo no
inconsciente de qualquer uma das seis bilhões de pessoas do planeta que gostem
de futebol. Desse viés não é exagero o apelido de 'Díos' dado por seus
compatriotas.Maradona deve habitar o imaginário de mais pessoas do que muitos deuses pagãos. Ele também foi definido como o "Deus Sujo da Argentina" por Eduardo Galeano. O intelectual alega que a divindade do "Pibe" é fruto não apenas de suas prodigiosas jogadas dentro de campo, mas também pelo seu latente lado humano. Uma faceta pecadora e afeita a excessos.
Tanto que boa parte de sua vida é marcada por fraquezas inerentes a quase todo mundo. Maradona foi mulherengo, beberrão, comilão, malandro, irresponsável, bandido e mocinho... Essa humanidade exacerbada fez dele um dos jogadores de futebol mais populares da história do esporte.
O elemento contraditório é marcante em todos os aspectos de Maradona. Tanto que o acidentado caminho que faz tanta gente se identificar com ele também é a principal motivação de seus detratores. Em geral chatos e hipócritas. Gente que gostaria que todos os ídolos do esporte fossem bonecos de cera e exemplos frios de bom comportamento. No baile de máscaras do universo esportivo, Maradona foi o primeiro que ousou se apresentar de cara limpa.
O pibe foi o primeiro astro de grandeza global a peitar dirigentes da Fifa. Continua peitando até hoje, como quando exige medidas mais duras da entidade para combater o racismo que assola o reluzente futebol europeu.
Maradona também nunca foi e teve a pretensão de estar certo. A dualidade é sua principal característica. Nele vive o doce e o amargo. O mesmo senhor barbudo que disparou grosserias contra a imprensa do seu país antes da Copa de 2010 é a mesma pessoa que adora surpresas de gosto duvidoso como cantar uma serenata no aniversário de nove anos da filha acompanhado de um grupo de Mariachis. O mesmo homem que teve a presença de espírito de pedir sua primeira esposa em casamento ao som de "Yo Te Propongo", uma versão em espanhol de "Eu Te Proponho".
O mesmo Maradona que roubou a cena no noticiário esportivo recente ao cantar 'Besame Mucho' em um evento na Índia. A cena resume em si o fenômeno chamado de "Globalização", mas também revela que é impossível separar o gênio dos gramados do homem Maradona. É isso que o torna um personagem tão rico.
Maradona não é apenas um dos maiores do futebol, o viciado em cocaína, o técnico destemperado ou o autor do gol de mão que entrou para a história das Copas do Mundo. Maradona é um herói do povo. Não apenas do argentino, mas de toda uma humanidade cheia de contradições e capaz de atrocidades e atos sublimes. Maradona faz 52 anos nesta terça-feira. No entanto, vai ficar para sempre... E o sempre não acaba nunca.
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