Bolsonaro recua e convida Fernández para vir ao Brasil
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Notícias, 12 de dez
Bolsonaro não ligou para
cumprimentar Fernández e decidiu não ir à sua posse, mas decidiu convidar o
presidente argentino para vir ao país. (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Depois de
fazer uma série de críticas ao presidente argentino, Alberto Fernández, o
presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (11) estar à disposição caso
seu contraparte queira visitar o Brasil.
“Se ele quiser nos visitar, estou à
disposição. Está convidado, se quiser visitar o Brasil, será motivo de
satisfação”, afirmou Bolsonaro ao chegar ao Palácio da Alvorada no início da
noite.
Questionado
sobre a relação com o país vizinho, Bolsonaro disse esperar que o novo
presidente argentino mude de ideia sobre declarações do passado, como a de
rever o acordo do Mercosul com a União Europeia.
“Temos a
questão do gás, do trigo, o maior comércio da América do Sul é com a Argentina
e interessa para nós dois. No passado, ele falou em rever acordo do Mercosul
com a União Europeia, agora ele já fala de forma diferente. As pessoas
mudam e espero que ele mude”, disse.
Aliado do
ex-presidente da Argentina Maurício Macri, que deixou o cargo nesta terça (10),
Bolsonaro é crítico da eleição de Fernández, que tem como sua vice a
ex-presidente Cristina Kirchner. Os dois são aliados do ex-presidente Lula e já
defenderam publicamente a liberdade do petista.
Bolsonaro
não ligou para cumprimentar Fernández e decidiu não ir à sua posse. Ele chegou
a cogitar deixar o Brasil sem representante na cerimônia, realizada na terça,
mas decidiu
de última hora enviar seu vice, o general Hamilton Mourão.
Na visão
do presidente brasileiro, a sinalização dada pelos argentinos em relação a seu
governo foi positiva.
"A
sinalização foi excelente. Eu não sou o radical que vocês acham eu
que sou", disse.
Pela
manhã, Bolsonaro usou informação equivocada ao criticar a formação da equipe
ministerial do novo presidente da Argentina.
Em
discurso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), ele lamentou
que o novo chefe do Ministério da Defesa do país vizinho fosse um general de
brigada, posto que não está no topo da hierarquia militar.
O nomeado
por Fernández, Agustín Rossi, no entanto, é um engenheiro civil peronista que
já ocupou o mesmo posto entre 2013 e 2015, durante a gestão de Cristina
Kirchner.
"Peço
a Deus que tudo dê certo na Argentina. Se bem que lamento a escolha do ministro
da Defesa, um general de brigada. Tem que ser um general de Exército, ou um
almirante de esquadra, ou um tenente-brigadeiro do ar, ou até um civil, que
seja", disse Bolsonaro.
O
presidente, que era contrário à eleição de Fernández e não compareceu à posse,
afirmou esperar que a Argentina dê certo, ressaltando que o país é o maior
parceiro comercial do Brasil na América do Sul.
Bolsonaro
ressaltou que designou o vice-presidente Hamilton Mourão para comparecer à
posse.
"O
Brasil foi o único país citado no discurso do presidente Fernández e estamos
prontos a implementar o mais rápido possível o nosso acordo com a União
Europeia. A Argentina tem muito nos oferecer, o Brasil tem muito a oferecer à
Argentina também", disse.
Após a
vitória de Fernández, Bolsonaro afirmou que não iria a Buenos Aires para a
cerimônia e também não cumprimentou o peronista, diferentemente dos presidentes
dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Chile, Sebastián Piñera, aliados do
brasileiro e identificados com a direita.
Em
novembro, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, comandada
pelo deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), aprovou
uma moção de repúdio contra Fernández.
A
proposta argumentava que o argentino, ao defender em agosto a libertação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, questionou a lisura do sistema
judicial do país. O petista deixou a prisão no início de novembro.
Fernández
é aliado de Lula e, ainda candidato, o visitou na Superintendência da Polícia
Federal em Curitiba. O petista cogitou comparecer à cerimônia de posse, mas
acabou desistindo.
Durante a
campanha eleitoral, Bolsonaro defendeu publicamente a reeleição de Mauricio
Macri, o que foi avaliado como um erro estratégico pelo núcleo moderado do
Palácio do Planalto, para o qual o mandatário deveria ter se mantido distante
da disputa para não afetar a relação comercial entre os países.
Anteriormente,
ao saber do resultado das primárias -47% de Fernández contra 32% do então
presidente, Mauricio Macri--, Bolsonaro disse que "bandidos de
esquerda" estavam voltando ao poder na Argentina, que estaria
"mergulhando no caos" e trilhando "o rumo da Venezuela".
Recentemente,
o brasileiro moderou o tom. Ele disse que, apesar de não ter uma afinidade
ideológica com o governo eleito no país vizinho, não rasgará contratos e
manterá uma relação pragmática com a Argentina.
da
FolhaPress
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