© AP/Eraldo Peres
ter., 4 de outubro de 2022
Os candidatos vencedores do primeiro turno da
eleição presidencial iniciam suas campanhas para o segundo turno com o desafio
de angariar votos no centro, mas também entre os cerca de 20% de eleitores que
não foram às urnas no último domingo. Esse novo round também
será o momento para Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) darem mais detalhes sobre
seus programas.
Silvano Mendes, enviado especial da RFI ao Brasil
“A gente não precisa conversar com quem a gente já
conhece, com quem sabemos que já votou na gente. Precisamos conversar com
aqueles que parecem que não gostam da gente, que parecem que não votam na gente
ou que não gostam dos nossos partidos”: foi assim que Lula
resumiu parte da estratégia de campanha para o segundo turno.
A declaração foi feita diante da imprensa em um
hotel em São Paulo durante uma reunião com suas equipes, um dia após o primeiro
turno. A partir de agora, tanto Lula como Bolsonaro terão como desafio
conquistar os votos que
foram distribuídos no domingo entre os demais concorrentes, mas também daqueles que simplesmente não foram
votar.
Segundo o cientista político José Álvaro Moisés, a
capacidade de angariar votos do lado do PT “vai depender fundamentalmente da
capacidade de Lula de organizar o apoio e uma frente mais situada propriamente
no centro, e que seja capaz de incluir uma coalizão de defesa da democracia no
Brasil não apenas a esquerda e centro-esquerda, mas também a direita democrática”.
O professor sênior do Instituto de Estudos
Avançados da Universidade de São Paulo inclui nesse grupo “parte dos liberais
que não aderiram ao Bolsonaro e ao bolsonarismo, que na verdade têm uma posição
liberal, mas são democratas”.
Para o especialista, conquistar esses votos é
indispensável para Lula. Principalmente porque o petista “tem uma rejeição
relativamente alta, de mais de 35%, além de uma dificuldade de penetração na
classe média e nos segmentos mais escolarizados e de maior renda”.
No que diz respeito a Bolsonaro, o especialista
ressalta que o presidente parece ter atingido o teto de eleitores a conquistar.
“É difícil saber em que direção ele vai crescer, além do que ele já cresceu.
Porque num certo sentido, ele ficou restrito aos seus grupos 'de raiz', que o
apoiam, e não fez muito mais forças de expansão em direções novas”, aponta.
“Eu não sei se ele terá capacidade de avançar em
outras direções que não atingiu até agora”, avalia o cientista político, antes
de lembrar que Bolsonaro “tem muita dificuldade de penetração nos segmentos que
têm mais baixa renda, situados na faixa que recebe entre um, dois ou
eventualmente três salários mínimos”.
Hora de detalhar os programas
Tudo também depende de “uma clareza maior da apresentação
das propostas de governo”, pondera o professor, lembrando que essa campanha
para o segundo turno também pode ser o momento de tornar os projetos dos
candidatos mais explícitos.
Essa foi uma das críticas durante o primeiro turno,
quando ambos candidatos apresentaram narrativas baseadas no passado. De um
lado, Bolsonaro que criticava a passagem do PT pelo governo e, do outro, Lula
prometia que, se fosse eleito, tudo voltaria a ser como antes, quando seu
partido dirigia o país.
Fonte: https://br.yahoo.com/noticias/lula-e-bolsonaro-iniciam-campanha-085645868.html
04-10-22
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