Pular para o conteúdo principal

Pacto para o Futuro

 Conheça cinco avanços previstos no texto aprovado na ONU

ONU/Loey Felipe - O secretário-geral, António Guterres, discursa no evento de alto nível da Cúpula do Futuro na sede das Nações Unidas

 

22 Setembro 2024 Assuntos da ONU

Acordo global aprovado neste domingo na Assembleia Geral da ONU promove avanços em diversos campos do multilateralismo; ações concretas em clima, regulação de novas tecnologias, desarmamento e alívio de dívidas podem apoiar avanço rumo aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável; proposta de reforma do Conselho de Segurança inclui ampliação de membros e restrições ao veto.

Pacto para o Futuro, aprovado por consenso na Assembleia Geral da ONU neste domingo, promove transformações importantes na cooperação multilateral.

Os países negociaram o texto durante meses, sob facilitação da Alemanha e da Namíbia, alcançando um consenso que se reflete em 56 páginas de compromissos. Confira cinco temas previstos no documento.

Fim dos combustíveis fósseis

Dentre os temas abordados alguns destaques foram clima, reforma do Conselho de segurança, regulação de novas tecnologias, retomada do desarmamento e alívio da dívida.

Em relação a agenda climática, o documento apela por uma transição que encerre o uso dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma “justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica”.

Essa linguagem havia sido ponto de controvérsia durante os rascunhos do pacto negociados nos últimos meses e chegou a ser removida em algumas versões.

O pacto define também a “eliminação progressiva, o mais rápido possível, de subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis que não abordam a pobreza energética ou transição justa”.


Unsplash/Patrick Hendry - A queima de combustíveis fósseis está impulsionando as mudanças climáticas

No tópico do clima, o acordo aprovado na Assembleia Geral reafirma a “determinação de definir, na COP 29, a Cúpula da ONU sobre o Clima, uma nova meta coletiva quantificada a partir de um mínimo de US$ 100 bilhões por ano”, tendo em conta as necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento.

Outro ponto abordado é a necessidade de acelerar os esforços para combater a poluição do ar, da terra e do solo, da água doce e dos oceanos, incluindo a poluição sonora e gestão de produtos químicos.

O texto reforça a meta de que os países trabalhem na conclusão de um instrumento internacional juridicamente vinculante sobre poluição plástica até o final de 2024.

Princípios para a reforma do Conselho de Segurança

O Pacto para o Futuro também estabelece princípios orientadores para a reforma do Conselho de Segurança, defendendo a “ampliação do órgão para que seja mais representativo” e reflita as realidades do mundo contemporâneo.

Isso implicará aumentar a representação dos países em desenvolvimento e dos estados de pequena e média dimensão, em especial reparando a “injustiça histórica” contra a África e outras regiões subrepresentadas como América Latina e Ásia-Pacífico.

No documento, os países também se comprometem a intensificar esforços para alcançar um acordo sobre o futuro do poder de veto, “incluindo discussões sobre a limitação do seu âmbito e utilização”.

ONU/Elma Okic - O robô Ameca participou do AI for Good Global Summit, em Genebra, Suíça, em julho de 2023

Interoperabilidade no meio digital

Por meio do Pacto, os países se comprometem a cooperar para promover uma abordagem “responsável, transparente e centrada no ser humano para o ciclo de vida das tecnologias digitais e emergentes”, incluindo a Inteligência Artificial.

O consenso alcançado neste domingo determina também que a cooperação irá promover a “interoperabilidade entre sistemas digitais e abordagens de governação compatíveis”.

Isso implicará promover a “adoção de padrões abertos de interoperabilidade para facilitar o uso de bens públicos digitais em todos os países”, em diferentes plataformas e sistemas.

Os países se comprometeram a desenvolver, disseminar e manter, através da cooperação entre as diversas partes interessadas, “softwares de código aberto seguros e protegidos, dados abertos, modelos abertos de inteligência artificial e padrões abertos que beneficiam a sociedade como um todo”.

Retomada do desarmamento

O texto aprovado propõe ainda avançar com “discussões urgentes sobre sistemas de armas letais autônomos”, reconhecendo que o direito humanitário internacional deve continuar sendo aplicado de forma plena nesse contexto.

O Pacto reafirma o compromisso com “a eliminação total das armas nucleares”. Segundo o texto, o objetivo imediato é a eliminação do perigo de uma guerra nuclear e a implementação de medidas para “evitar uma corrida armamentista e abrir caminho para uma paz duradoura”.

Nesse sentido os países se comprometeram em “honrar e respeitar todas as garantias de segurança existentes assumidas, inclusive em conexão com os tratados e  protocolos relevantes de zonas livres de armas nucleares e suas garantias associadas contra o uso ou ameaça de uso de armas nucleares”.

Domínio Público - Uma arma conceitual de energia dirigida baseada em satélite, usada para atingir alvos com precisão na Terra, é retratada pelo Comando Espacial dos Estados Unidos

Alívio da dívida

O Pacto para o Futuro propõe também reforçar a resposta multilateral para apoiar países com encargos elevados e “dívidas insustentáveis”. A ação será baseada na “participação significativa dos países interessados ​​e todos os intervenientes relevantes, garantindo uma abordagem mais eficaz, ordenada e previsível”.

O objetivo é permitir que esses países superem dívidas pendentes e priorizem as despesas do governo na consecução do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O texto aprovado sublinha a importância de reformas nos processos multilaterais para facilitar a ação coletiva para “prevenir crises da dívida, facilitar a reestruturação do endividamento e seu alívio, quando apropriado”.

Emenda não aprovada

Na noite de sábado, um grupo de países composto por Belarus, Coréia do Norte, Irã, Nicarágua, Rússia e Síria apresentou uma proposta de alteração na redação do documento final.

O grupo propôs inserir, depois do parágrafo 17 do pacto, o seguinte texto:

"Reafirmamos que as Nações Unidas serão orientadas por um processo de tomada de decisão intergovernamental e que as Nações Unidas e o seu sistema não deverão intervir em questões que sejam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, conforme previsto no Artigo 2 (7) da Carta das Nações Unidas; solicitamos ao secretário-geral que avalie as Nações Unidas, os seus fundos e programas quanto ao cumprimento deste dever, bem como a duplicação de esforços, em particular como resultado da adoção deste Pacto, e submeter ao Conselho Geral Assembleia, na sua oitava sessão, fazendo propostas sobre como evitar essa duplicação e, ao mesmo tempo, alcançar a máxima eficiência de recursos."

No entanto, neste domingo, na Assembleia Geral, a República Democrática do Congo propôs uma moção para que não fosse tomada nenhuma ação em relação à emenda.

Esta moção foi aprovada com 143 votos favoráveis, 7 contrários e 15 abstenções. 

Fonte: https://news.un.org/pt/story/2024/09/1837986?utm_source=ONU+News+-+Newsletter&utm_campaign=fb3b9a0d2a-EMAIL_CAMPAIGN_2024_09_28_05_06&utm_medium=email&utm_term=0_98793f891c-fb3b9a0d2a-%5BLIST_EMAIL_ID%5D 28-09-24

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Hugo Chavez morre aos 58 anos

Hugo Chavez morre aos 58 anos Com câncer, presidente da Venezuela morreu aos 58 anos em Cuba, onde fazia tratamento Político e militar, Hugo Rafael Chávez Frias nasceu em 28 de julho de 1954. Ganhou destaque na Venezuela após comandar um golpe de estado mal-sucedido. Na imagem, Chávez conversa com jornalistas no Ministério da Defesa depois de se render às tropas leais ao governo de Carlos Andrés Pérez, em Caracas, no dia 4 de fevereiro de 1992. (Foto: AP)   Em 1999, Hugo Chávez se encontra com o então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto, em Brasília. A visita do presidente venezuelano ao Brasil durou três dias. (AP) O presidente venezuelano, Hugo Chávez, cumprimenta seus simpatizantes em Caracas, na Venezuela, durante comício em 2004. Dois anos antes, o político havia sofrido um golpe militar iniciado por Pedro Carmona. O presidente da Fedecámaras afirmou que Chávez havia se demitido do cargo, tomando assim seu lugar at

Varíola M ainda é ameaça à saúde pública, alerta OMS

  © Niaid - O vírus mpox (laranja) infecta células mostradas em verde   Saúde Brasil é o segundo país com mais casos da doença também conhecida como Mpox; Américas lideram regiões com 43,8% de todas as notificações, seguidas da África e Europa. A Organização Mundial da Saúde, OMS, afirma que a varíola M, ou  Mpox , segue uma ameaça à saúde pública com um total de 97.208 casos e 186 mortes em 117 países. O balanço é do período entre 1º de janeiro de 2022 e 30 de abril deste ano. A agência chama a atenção para o evoluir da situação com a confirmação de mais de 3,1 mil casos em nível global desde o início de 2024. OMS/Khaled Mostafa - Um homem recebe uma vacina contra a varíola M em uma clínica de saúde em Portugal Brasil Em abril passado, as Américas reuniam 43,8% dos infectados de todo o mundo. A seguir estavam a África com 29,9% e a Europa com 20,6%. Maio registrou cerca de 600 pacientes em 26 países e um aumento na região africana. Já o Brasil, com 11.212 pacientes, é

As olimpíadas de Paris 2024 serão as primeiras com paridade total de gênero

  ONU/Eskinder Debebe - Thomas Bach disse que para Jogos Olímpicos de Paris 2024 o COI alocou exatamente 50% das vagas nas cotas para atletas femininas   1 Julho 2024   ODS Comitê Olímpico Internacional reservou metade do limite das vagas para atletas femininas; alto comissário de Direitos Humanos diz haver um longo caminho a percorrer para garantir respeito total pelos direitos humanos e inclusão no esporte. Nesta segunda-feira, o Conselho de Direitos Humanos debateu a promoção dos direitos humanos por meio do esporte e do ideal olímpico em sessão que acontece em Genebra. O presidente do Comitê Olímpico Internacional, COI, Thomas Bach, anunciou que os Jogos Olímpicos de Paris 2024 serão os primeiros com paridade total de gênero porque a instituição “alocou exatamente 50% das vagas nas cotas para atletas femininas”. Parceria com o Comitê Paralímpico Internacional Para o chefe do COI, a decisão promove a igualdade de gênero e apoia o esporte paralímpico em todo o mundo por