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CNA - Mecon - Minaggri: Os 65 mil domicílios que ninguém conhece



 Leia a seguinte reportagem e depois responda as perguntas abaixo.

Os 65 mil domicílios que ninguém conhece

Por Jeferson de Sousa | Tela Plena – 28-07-14
O aparelho medidor de audiência do Ibope (foto:Ibope/reprodução)

Diz o ditado maroto que "estatística é a arte de torturar os números até que eles confessem". A despeito da gaiatice desse enunciado, sempre me lembro dele quando leio aquelas notícias tipo "O programa estreou com 30 pontos de audiência", normalmente seguidas do complemento: "cada ponto equivale a 65 mil domicílios". A pergunta que fica no ar: são tantos assim os domicílios pesquisados? E a resposta é: não.
Segundo o Ibope, que faz a medição, cada ponto na verdade não corresponde a 65 mil domicílios, mas 65.201 domicílios e 193.281 indivíduos na região da Grande São Paulo; 39.600 domicílios e 109.982 indivíduos na Grande Rio de Janeiro; 217.460 domicílios e 641.286 indivíduos no Painel Nacional de Televisão (PNT), amostra do Ibope que estima a audiência da TV aberta em todo o Brasil. Cada ponto de audiência representa 1% do total de domicílios e indivíduos da região pesquisada.
E como é feita essa medição? Por meio de um aparelho chamado DIB, que é conectado ao televisor do domicílio pesquisado e mostra automaticamente o canal sintonizado. A pessoa, entretanto, deve informar quantos espectadores estão com ela naquele momento e digitar seu número para que o Ibope saiba a faixa etária e sexo de quem acessou o aparelho. O nome dessa metodologia é Peoplemeter. As praças pesquisadas são Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte, Grande Porto Alegre, Grande Curitiba, Salvador, Recife e Distrito Federal.
Você conhece alguém que use ou usou um aparelhinho desses? Eu não. Há um contrato de confidencialidade que impede ao usuário divulgar o uso do aparelho. A pessoa que o recebe não é remunerada por isso e define os rumos da TV brasileira com apenas um clique. O Peoplemeter, inclusive, não é o único método de medição. Há ainda a pesquisa de caderno, no qual o indivíduo preenche um formulário com todos os horários do que ele assistiu durante o dia.
O que deve ficar bem claro é que essa mediação é apenas uma ideia de equivalência. Não há 65 mil domicílios ou 190 mil pessoas sendo pesquisadas. Na Grande São Paulo (a principal praça pesquisada) são 750 aparelhinhos que definem a audiência. Se todos eles estiverem ligados, isso significa que 75 deles equivalem a 10% da audiência na região. Digamos que cinco deles fiquem desligados ou até mesmo sintonizados no mesmo canal por distração enquanto a pessoa está em outro lugar, fazendo o jantar ou batendo papo na varanda. Isso geraria um tremendo impacto, não?
Há muita gente que coloca em dúvida a eficácia dessa medição. Como um domicílio pode representar dezenas de milhares de espectadores?, contestam. Longe de mim muitos quilômetros colocar em dúvida a metodologia do Ibope. Mas lembre-se: quando você ler que um programa teve 30 pontos de audiência e que isso equivale a 1.950.000 domicílios é bem provável que sejam pouco mais mil aparelhinhos definindo os rumos da audiência.

Responda:

1)    Qual é a empresa encarregada de medir as audiências televisivas na Argentina?
2)    Qual o método de medição utilizado?
3)    Em que lugares se realiza a medição na Argentina?
4)    Você concorda com o autor da reportagem? Argumente.

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