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O ano em que São Paulo secou

Falta de chuvas e de planejamento deixaram o mais rico estado do país com as represas e as torneiras secas

Por Fábio Mendes | Yahoo Notícias – seg, 24 de nov de 2014


Estadão Conteúdo/Mario Ângelo/ Sigmapress/ Estadão Conteúdo - Barragens do Sistema Cantareira secaram, provocando crise no fornecimento de água
Água escura e suja saindo das torneiras, quando saem, reservatórios secos, embarcações encalhadas no leito de rios e represas. É esse cenário, típico do semiárido nordestino, que a população paulista teve encarar desde o início do ano, quando as chuvas escassearam no estado de São Paulo.
A situação mais grave atingiu o Sistema Cantareira, o maior e mais importante reservatório hídrico de São Paulo e que abastece quase 10 milhões de pessoas na região metropolitana. Os problemas surgiram com a escassez de chuvas no verão, ainda no final de 2013. A situação se agravou nos primeiros meses de 2014 e atingiu níveis preocupantes em maio, quando foram registrados apenas 0,6 milímetros de chuva (a média histórica do mês é de 83,2 milímetros).
A drástica redução no nível dos reservatórios fez com que a Sabesp adotasse racionamento de água em vários pontos da região metropolitana. Apesar da crise hídrica, o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin, negou várias vezes que houvesse problemas no fornecimento.
Com a falta de chuvas, o nível das águas chegou em maio a 9% do total. Trata-se do pior índice desde a criação do Sistema Cantareira, ainda na década de 1970. Já nessa época a Sabesp, companhia de água de São Paulo, cogitou o uso do volume morto, nome técnico dado às águas depositadas no fundo das represas, abaixo do nível das comportas.
Para minimizar a crise, o governo de São Paulo realizou obras emergenciais que levaram água de outras regiões para o Cantareira. Além de não solucionar o problema, a ação ainda criou novas complicações, já que o nível dos sistemas Rio Claro e Alto Tietê também caiu rapidamente. Neste último, o índice caiu para apenas 7,2% em outubro.
Foi em outubro, aliás, que a Sabesp admitiu pela primeira vez que o Estado enfrentava falta de água e que havia risco de o fornecimento ser totalmente interrompido ainda em 2014.
No final do mês, a autarquia anunciou a retirada da segunda cota do volume morto no Sistema Cantareira. A ANA (Agência Nacional de Águas) criticou a medida, que classificou como “pré-tragédia” e que “só restaria lodo” nas represas.
Outra medida anunciada tardiamente pelo governo do estado foi a construção de duas estações de produção de água de reúso. As obras irão captar esgoto e transformá-lo em água para consumo, abastecendo diretamente as bacias dos sistemas Guarapiranga e Alto Cotia.
Sem saída, restou ao governador de São Paulo pedir ajuda ao governo Federal. Em reunião com a presidente Dilma Rousseff, Alckmin afirmou que seriam necessários R$ 3,5 bilhões para a realização de obras contra a crise hídrica. A mesma que ele negou existir meses atrás.


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