O ano em que São Paulo secou
Falta de chuvas e de planejamento deixaram o mais rico estado do país
com as represas e as torneiras secas
Estadão Conteúdo/Mario Ângelo/
Sigmapress/ Estadão Conteúdo - Barragens do Sistema Cantareira secaram,
provocando crise no fornecimento de água
Água escura e suja saindo das torneiras,
quando saem, reservatórios secos, embarcações encalhadas no leito de rios e
represas. É esse cenário, típico do semiárido nordestino, que a população
paulista teve encarar desde o início do ano, quando as chuvas escassearam no
estado de São Paulo.
A
situação mais grave atingiu o Sistema Cantareira, o maior e mais importante
reservatório hídrico de São Paulo e que abastece quase 10 milhões de pessoas na
região metropolitana. Os problemas surgiram com a escassez de chuvas no verão,
ainda no final de 2013. A
situação se agravou nos primeiros meses de 2014 e atingiu níveis preocupantes
em maio, quando foram registrados apenas 0,6 milímetros de
chuva (a média histórica do mês é de 83,2 milímetros ).
A
drástica redução no nível dos reservatórios fez com que a Sabesp adotasse
racionamento de água em vários pontos da região metropolitana. Apesar da crise
hídrica, o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin,
negou várias vezes que houvesse problemas no fornecimento.
Com
a falta de chuvas, o nível das águas chegou em maio a 9% do total. Trata-se do
pior índice desde a criação do Sistema Cantareira, ainda na década de 1970. Já
nessa época a Sabesp, companhia de água de São Paulo, cogitou o uso do volume
morto, nome técnico dado às águas depositadas no fundo das represas, abaixo do
nível das comportas.
Para
minimizar a crise, o governo de São Paulo realizou obras emergenciais que
levaram água de outras regiões para o Cantareira. Além de não solucionar o
problema, a ação ainda criou novas complicações, já que o nível dos sistemas
Rio Claro e Alto Tietê também caiu rapidamente. Neste último, o índice caiu
para apenas 7,2% em outubro.
Foi
em outubro, aliás, que a Sabesp admitiu pela primeira vez que o Estado
enfrentava falta de água e que havia risco de o fornecimento ser totalmente
interrompido ainda em 2014.
No
final do mês, a autarquia anunciou a retirada da segunda cota do volume morto
no Sistema Cantareira. A ANA (Agência Nacional de Águas)
criticou a medida, que classificou como “pré-tragédia” e que “só restaria lodo”
nas represas.
Outra
medida anunciada tardiamente pelo governo do estado foi a construção de duas estações de produção de água de
reúso. As obras irão captar esgoto e
transformá-lo em água para consumo, abastecendo diretamente as bacias dos
sistemas Guarapiranga e Alto Cotia.
Sem
saída, restou ao governador de São Paulo pedir ajuda ao governo Federal. Em
reunião com a presidente Dilma Rousseff, Alckmin afirmou que seriam
necessários R$ 3,5 bilhões para a realização de obras contra a crise hídrica. A mesma que ele negou existir meses atrás.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/s%C3%A3o-paulo-secou-125638003.html
[10/12/14]
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