Violência
doméstica mata cinco mulheres por hora diariamente em todo o mundo
8 de março de 2016
A violência doméstica é responsável pela
morte de cinco mulheres por hora no mundo, mostra a organização não
governamental (ONG) Action Aid.
A informação é resultado de análise do estudo
global de crimes das Nações Unidas e indica um número estimado de 119 mulheres
assassinadas diariamente por um parceiro ou parente.
Estimativa é de que 500 mil mulheres serão
mortas por seus parceiros ou familiares até 2030. (Flickr/dq-pb)
A ActionAid prevê que mais de 500 mil
mulheres serão mortas por seus parceiros ou familiares até 2030. O documento
faz um apelo a governos, doadores e à comunidade internacional para que se unam
a fim de dar prioridade a ações que preservem os diretos das mulheres.
O estudo considera dados levantados em 70
países e revela que, apesar de diversas campanhas pelo mundo, a violência ou a
ameaça dela ainda é uma realidade diária para milhões de mulheres.
“A intenção do relatório é fazer um
levantamento sobre as diversas formas de violência que a mulher sofre no mundo.
Na África, por exemplo, temos países que até hoje têm práticas de mutilação
genital. Aqui, na América Latina, o Brasil é o quinto país em violência contra
as mulheres. Segundo dados do Instituto Avon, três em cada cinco mulheres já
sofreram violência nos relacionamentos em nosso país”, informa a assistente do
programa de direitos das mulheres da Action Aid Brasil, Jéssica Barbosa.
O relatório considera as diferenças regionais
entre os países e, além disso, observa o universo de denúncias subnotificadas,
de mulheres que sofrem assédio, estupro ou outros tipos de violência e têm
vergonha de denunciar.
‘A cidade não foi pensada para mulheres’,
segundo a porta-voz do Action Aid Brasil. (Flickr/foradoeixo)
“A forma de contar é sempre muito difícil, existe
uma cultura de silenciar a violência contra a mulher. É a cultura da
naturalização, onde há um investimento social para naturalizar a violência
contra a mulher com o que se ouve na música, nas novelas, na rua. Tudo isso é
muito banalizado e a mulher se questiona: ‘será que o que aconteceu comigo foi
uma violência? Será que se eu denunciar vão acreditar em mim?”, diz Jéssica
Barbosa.
No Brasil, a organização promove a campanha
Cidade Segura para as Mulheres, que busca o compromisso do Poder Público com
uma cidade justa e igualitária para todos os gêneros.
“Muitas mulheres não conseguem exercer seu
direito de ir e vir. A cidade não foi pensada para as mulheres, os becos são
muito estreitos e escuros no Brasil. É necessário que haja o empoderamento das
mulheres para superar a situação de violência. Por mais que o Estado tenha a
obrigação de garantir instrumentos, é preciso que a gente invista na autonomia
dessas mulheres”, completa Jéssica.
Heloisa Cristaldo, da Agência Brasil
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