Homem atira dentro de
igreja em Campinas, mata quatro e se suicida
DHIEGO
MAIA, THIAGO AMÂNCIO E BRUNA MOZER,Folhapress ter, 11 de dez
SÃO
PAULO, SP, E CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) -
Ao menos quatro pessoas foram mortas a
tiros na Catedral Metropolitana de Campinas (SP), no início da tarde desta
terça-feira (11).
A
principal suspeita é de que um homem, de cerca de 30 anos, entrou na igreja e
atirou contra os fiéis. Segundo a PM, o suspeito se matou após o ataque -ele
portava uma pistola 9 mm e mais um revólver.
A
motivação do ataque a tiros é desconhecida, informou a Polícia Militar à
reportagem.
Os tiros
foram disparados no momento em que ocorria a missa das 12h15. A PM diz ter
registrado um chamado pelo 190 às 13h25, com uma pessoa dizendo que um homem de
camiseta azul e calça jeans entrou na catedral, fez os disparos e, na
sequência, se matou.
O
secretário municipal de Segurança de Campinas, Luiz Augusto Baggio, afirmou que
o homem já teria entrado na igreja atirando. "A intenção era atirar. Ele
já atirou 'fatalizando' as pessoas. Não tinha nenhum motivo específico que não
fosse a loucura dele", completou Baggio.
Outras
quatro pessoas foram atingidas pelos disparos e sobreviveram. Elas foram
socorridas pelos bombeiros e pelos médicos do Samu (Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência) e levadas para os hospitais Mário Gatti, HC de Campinas e
Beneficência Portuguesa.
Os
bombeiros informaram que os sobreviventes vão passar por cirurgia para a
retirada dos projéteis que atingiram partes vitais. O estado de saúde deles não
foi divulgado.
A
Catedral de Nossa Senhora da Conceição fica na principal área comercial da
cidade, próxima à rua Treze de Maio. Em frente à catedral, o major Paulo
Monteiro, do Corpo de Bombeiros, declarou que a principal preocupação agora é o
atendimento aos sobreviventes. "Pelo horário, havia um fluxo de pessoas,
tinha bastante gente na igreja. Os socorros já foram feitos, e os óbitos,
detectados", disse o major.
Por meio
de nota, a arquidiocese de Campinas informou que a catedral está fechada para o
atendimento às vítimas e para a realização das investigações da polícia.
"Contamos com as orações de todos neste momento de profunda dor",
segundo trecho do comunicado.
SORTE DE
ESTAR VIVO
Testemunhas
que estavam na catedral, no momento do tiroteio, disseram que o atirador fez os
disparos já no fim da celebração.
"Entrei
na igreja, a missa já havia terminado. Alguns minutos depois o atirador entrou
e se posicionou na frente de um casal e atirou", conta o aposentado Pedro
Rodrigues, 66. "Eu saí correndo, não houve gritaria apenas correria. E ele
continuou atirando. Eu tenho muita sorte de estar vivo".
A
assistente-administrativo Luciana de Oliveira, 36, disse ter ouvido um grande
número de disparos, quando passava perto do templo. "Ouvimos muitos tiros
e as pessoas gritando, chorando. Vimos o homem baleado no peito saindo de maca.
Foi horrível".
ESTATUTO
DO DESARMAMENTO
A eleição
de Jair Bolsonaro (PSL) provocou uma nova discussão sobre ampliar o acesso a
armas para autodefesa. Durante a campanha, ele prometeu revogar o estatuto caso
fosse eleito. Para fazer isso, porém, é necessária aprovação do Congresso.
Aprovado
em dezembro de 2003, o Estatuto do Desarmamento limitou a posse de armas no
país e tirou milhares de armamentos das ruas. Até o início de 2014, quase 650
mil armas de fogo foram entregues voluntariamente pela população.
Atualmente,
55% dos brasileiros acham que as armas devem ser proibidas por representarem
ameaça à vida dos outros, e 41% avaliam que possuir uma arma legalizada deve
ser direito do cidadão que queira se defender. Os dados são de pesquisa
Datafolha de outubro deste ano.
Em
novembro de 2013, 68% achavam que as armas deveriam ser proibidas, e só 30%
queriam armas liberadas. De um lado deste debate está a hipótese da letalidade,
em que o aumento de armas leva ao avanço dos conflitos com mortes, além da
redução dos custos dos criminosos para obterem armas porque preços no mercado
paralelo caem ou porque fica mais fácil se apropriar de armas legais.
No
extremo oposto, está a hipótese do uso defensivo de armas, segundo a qual a
proliferação de armamentos diminuiria a incidência de crimes ao mudar o cálculo
de risco de criminosos. Eles seriam desencorajados do enfrentamento diante da
maior probabilidade de encontrarem resistência inesperada por parte da vítima.
Lei federal de 2003, o Estatuto do Desarmamento regula o acesso a armas e
restringiu o porte e a posse em todo o país. Ainda assim, em média seis armas
são vendidas por hora no mercado civil nacional. Neste ano, até 22 de agosto,
haviam sido vendidas 34.731 armas no país.
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