Diego Maradona, herói de Copa e mito argentino, morre aos 60
SYLVIA COLOMBO E RODRIGO BUENO
qua., 25 de novembro de 2020 1:52 PM GMT-3
***ARQUIVO***SÃO PAULO, SP: Ex-jogador argentino Diego Maradona. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress)
BUENOS AIRES, ARGENTINA, E SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) - Morreu nesta quarta-feira (25) Diego Armando Maradona, aos 60
anos. A informação foi confirmada por seu advogado. Campeão da Copa do Mundo de
1986 com a seleção do país, foi um dos maiores jogadores de futebol de todos os
tempos.
Segundo o jornal Clarín, Maradona teve uma parada
cardiorrespiratória em casa, em Tigre, na região de Buenos Aires, onde estava
desde que passou por um procedimento cirúrgico na cabeça mais cedo neste mesmo
mês de novembro.
Maior ídolo esportivo da Argentina, ele nasceu no
dia 30 de outubro de 1960 e cresceu no humilde bairro de Villa Fiorito, no
subúrbio de Buenos Aires.
Campeão mundial em 1986, quando teve seu auge na
Copa do México, tornou-se uma das figuras mais populares e controversas das
últimas décadas. Ganhou em 2000 uma eleição popular feita pela Fifa na internet
para eleger o melhor jogador do século 20. Com 53,6% dos votos, superou Pelé
(18,53%) nessa enquete e levou um troféu da entidade, que conferiu também ao
brasileiro um prêmio de melhor do século 20, só que em votação da Família do
Futebol, um comitê montado pela Fifa.
A carreira de Maradona começou para valer em 1976,
quando foi contratado pelo Argentinos Juniors. Ele já jogava e chamava atenção
por sua grande habilidade com a bola desde os nove anos, defendendo o time
infantil dos Cebollitas. No dia 20 de outubro de 1976, antes de completar 16
anos, estreou na primeira divisão argentina na derrota do Argentinos Juniors
por 1 a 0 para o Talleres. Poucas semanas depois, no dia 14 de novembro, marcou
no San Lorenzo seu primeiro gol como profissional.
Aos 16 anos Maradona estreou na seleção principal
de seu país. Foi contra a Hungria, no dia 27 de fevereiro de 1977, na
Bombonera. Porém o promissor craque não foi inscrito na Copa do Mundo de 1978
na Argentina por decisão do técnico César Luis Menotti.
No ano seguinte, o meia liderou a seleção argentina
na conquista do Mundial sub-20 no Japão e foi eleito o melhor jogador da
competição. Também em 1979, no dia 2 de junho, Maradona anotou numa vitória de
3 a 1 sobre a Escócia, em Glasgow, seu primeiro gol pela seleção principal da
Argentina.
O Pibe de Oro foi vendido para o Boca Juniors,
clube do qual se tornaria grande ídolo e símbolo. Após ser cinco vezes
artilheiro de torneios na Argentina sem levar o Argentinos Juniors ao título,
conquistou em 1981 o Metropolitano pelo Boca.
Em 1982, antes mesmo da Copa da Espanha, Maradona
já havia sido negociado com o Barcelona. Sua atuação no Mundial de 1982, assim
como a da seleção argentina, não correspondeu à grande expectativa gerada, e o
meia acabou expulso na última partida da Argentina na competição, uma derrota
de 3 a 1 para o Brasil.
No Barcelona, Maradona enfrentou algumas
dificuldades. Logo em sua primeira temporada, contraiu hepatite. Teve problemas
com o técnico alemão Udo Lattek, que foi demitido do clube espanhol. Em 1983,
conquistou a Copa do Rei numa final contra o Real Madrid, além da Copa da Liga
da Espanha, competição na qual anotou um gol no estádio Santiago Bernabéu que
arrancou aplausos até da torcida madridista.
Em setembro de 1983, no entanto, Maradona sofreu
uma fratura no tornozelo esquerdo após uma entrada violenta de Goikoetxea, do
Athletic Bilbao. Foi operado e ficou três meses e meio sem jogar. Numa tensa
decisão da Copa do Rei contra o mesmo Bilbao, Maradona foi o pivô de uma
batalha campal ao agredir Miguel Ángel Sola.
O meia argentino foi suspenso por três meses pela
federação espanhola, e o Barcelona, que havia pago cerca de US$ 8 milhões por
ele, aceitou então uma oferta do Napoli de US$ 7,5 milhões pelo jogador, que
teve os seus primeiros contatos com drogas ainda na Espanha. A relação ruim
entre Maradona e Josep Lluís Núñez, então presidente do Barcelona, e perdas
financeiras do craque por conta de seu agente, Jorge Czysterpiller, pesaram
também para a saída do craque para o futebol italiano, uma espécie de Eldorado
da bola nos anos 1980.
No dia 5 de julho de 1984, Maradona foi apresentado
para uma multidão no estádio San Paolo, onde viveria muitos de seus melhores
momentos em campo. Ajudou o Napoli a ganhar seus dois únicos títulos do
Campeonato Italiano, em 1987 e 1990, além de conquistar uma Copa da Uefa em
1989, uma Copa da Itália em 1987 e uma Supercopa da Itália em 1990.
Foi nesse período como jogador do time italiano que
ele levou seu país ao título mundial em 1986, no México, quando anotou o gol
mais bonito das Copas, uma arrancada desde o campo de defesa com direito a
dribles em vários adversários na vitória de 2 a 1 sobre a Inglaterra. Nesse
mesmo jogo, ele anotou outro célebre gol, com a mão, e disse que o polêmico
tento fora marcado com a mão de Deus.
Em meio ao auge da carreira, Maradona teve seus filhos Dalma, Giannina e Diego (reconhecido apenas em 2016).
Em outubro de 1985, Guillermo Cóppola tornou-se o
novo agente de Maradona. Após a Copa de 1990, ele trocaria de novo de
representante, ligando-se a Marcos Franchi. No dia 17 de março de 1991, na
vitória de 1 a 0 do Napoli sobre o Bari, o exame antidoping do craque deu
positivo para cocaína e resultou numa suspensão de 15 meses. De volta à
Argentina, chegou a ser preso por porte de drogas. Pagou fiança para ser
liberado e teve que se submeter a um tratamento de reabilitação.
Em 1992, após o final da suspensão, Maradona foi
jogar no Sevilla, da Espanha, que tinha Carlos Bilardo como técnico. Retornou à
seleção argentina num amistoso contra o Brasil. Com dores no joelho, tomava
sistematicamente aplicações de anti-inflamatórios para jogar. Após
desentendimento com Bilardo, deixou o Sevilla e, em 1993, retornou ao futebol
argentino para defender o Newells Old Boys.
Uma lesão e uma troca de técnico foram as razões
que precipitaram o fim da relação do meia com o clube de Rosario. No dia 23 de
setembro de 1993, com a Argentina ameaçada de não ir à Copa dos EUA, o técnico
Alfio Basile pediu a Maradona que voltasse à seleção, o que ele fez no empate
de 1 a 1 com a Austrália pela repescagem do Mundial. Ele ajudaria assim seu
país a se classificar para a Copa de 1994
Em fevereiro de 1994, Maradona, com um rifle de ar
comprimido, disparou contra um grupo de jornalistas e fotógrafos que estava na
porta de sua casa. Foi condenado, tempos depois, a dois anos de prisão
condicional (não foi para a cadeia) por isso e teve que indenizar todos os
profissionais atacados.
No Mundial dos EUA, Maradona atuou muito bem nas
duas primeiras partidas da Argentina, anotando no dia 21 de junho contra a
Grécia seu último gol em Copas numa goleada de 4 a 0. No jogo seguinte, contra
a Nigéria, uma vitória argentina por 2 a 1, ele foi sorteado para o antidoping.
O resultado deu positivo para efedrina e ele foi suspenso por 15 meses. O
jogador havia feito grande preparação para a Copa, tendo feito grande esforço
para emagrecer, e declarou que lhe cortaram as pernas com a escolha para o
antidoping e a posterior suspensão. Fechou sua participação pela seleção
argentina, que sucumbiu depois na Copa, com 91 jogos e 34 gols.
Suspenso como jogador, Maradona tentou a carreira
de técnico, sem sucesso. Primeiro, ficou dois meses no humilde Deportivo
Mandiyú. Depois, passou quatro meses à frente do Racing. Também ajudou a fundar
no dia 28 de setembro o Sindicato Mundial de Futebolistas. Dois dias depois,
marcava seu sonhado retorno ao Boca Juniors numa vitória de 2 a 1 sobre a
seleção da Coreia do Sul.
Problemas com o técnico e então desafeto Bilardo,
questões de saúde relacionadas às drogas e má fase técnica dele e do Boca
Juniors explicam o insucesso nesse período, quando Maradona chegou a errar
cinco pênaltis seguidos.
Estrela da campanha Sol sin Drogas do governo
argentino, o meia viajou à Suíça para se internar em uma clínica para
recuperação de dependentes. No retorno a Buenos Aires, ficou claro que o
problema não tinha sido solucionado. No dia 7 de abril de 1997, ele teve que
ser internado em um hospital com problema de pressão.
Ainda em abril, voltou a jogar pelo Boca e voltou a
ser flagrado em exame antidoping, num jogo contra o Argentinos Juniors. Traços
de cocaína foram detectados no exame, o que lhe rendeu numa suspensão
temporária por parte da AFA (Associação de Futebol Argentino). Maradona
retornaria aos campos em outubro e, ao derrotar com o Boca Juniors o River Plate
por 2 a 1, fez o seu último jogo como atleta profissional.
Tal jogo aconteceu no dia 25 de outubro de 1997.
Cinco dias depois, no dia de seu aniversário, anunciou sua aposentadoria. Porém
só no dia 10 de novembro de 2001 ele faria sua simbólica partida de despedida,
atuando pela seleção argentina na Bombonera contra um combinado de astros
internacionais.
Fora dos campos, Maradona atuou como comentarista
esportivo, assumiu cargo diretivo no Boca Juniors, atuou em diversas campanhas
publicitárias e lançou a autobiografia Yo soy el Diego. Separou-se de Claudia
Villafañe, a mulher de sua vida e a mãe de seus filhas, assim como de seu
empresario e amigo Guillermo Cóppola.
Seus problemas de saúde aumentaram mesmo tendo
passado bom tempo em clínicas de recuperação na Argentina e em Cuba. Em janeiro
de 2000, Maradona foi internado com crise de hipertensão e arritmia. Em abril
de 2004, também com crise hipertensiva, foi internado na Clínica
Suizo-Argentina em Buenos Aires.
Um mês depois, iria para a clínica Del Parque para
se desintoxicar. Maradona, que chegou a pesar mais de 120 kg, fez cirurgia para
redução de estômago em março de 2005 na Colômbia. Dois anos depois, estava
internado novamente por conta de excesso com álcool. Ficou em hospitais em
situação delicada por quase dois meses. Chegou a ser especulada sua morte.
Milhares de pessoas se concentravam em frente de hospitais e igrejas na
Argentina rezando pela saúde do ídolo, que inspirou em seu país a Igreja
Maradoniana, cujos fiéis o cultuam como Deus supremo.
Ele voltou com força ao cenário futebolístico
quando assumiu o comando técnico da seleção argentina em outubro de 2008.
Classificou a duras penas a equipe para a Copa da África do Sul, mas sucumbiu
com o time nas quartas de final contra Alemanha, quando perdeu por 4 a 0 e
deixou o cargo.
Ainda como técnico, teve trabalhos poucos
expressivos no Al Wasl, Fujairah (Emirados Árabes), Dorados (México) e Gimnasia
y Esgrima La Plata (Argentina)
Ele assumiu o modesto time argentino no ano
passado, e seus jogos fora de casa se transformaram em procissões com
homenagens ao ídolo.
O Newells, por exemplo, colocou um trono à beira
do campo para que Maradona se sentasse e assistisse à partida como um rei.
O ídolo completou 60 anos na sexta-feira no dia 30
de outubro, mesmo dia em que voltou a dirigir o Gimnasia após meses de
paralisação do futebol pela pandemia do coronavírus e se sentiu mal, sendo
posteriormente internado para operar um hematoma na cabeça.
Internado no início de novembro, deixou o hospital
no dia 11 e se recuperava em casa, quando teve uma parada cardiorrespiratória e
morreu.
Fonte: https://br.yahoo.com/esportes/news/diego-maradona-her%C3%B3i-copa-e-165200422.html 25-11-20
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