dom., 15 de maio de 2022
Há 134 anos, a escravidão no Brasil era abolida. O país foi o local na América que mais recebeu negros cativos: 4,86 milhões de africanos escravizados, entre os séculos 16 e 19, segundo o Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos, que contém informações de mais de 35 mil viagens de navios negreiros. Mas até hoje, a escravidão ainda ecoa na sociedade brasileira. Na semana em que se lembra esse período do país, o Caminhos da Reportagem traz um pouco da história e das consequências para o país, com o episódio A luta pela abolição, produzido pela TV Feira, parceira da TV Brasil. O programa vai ao ar neste domingo (15), às 22h.
Os principais pontos de partida de um negro escravizado que chegava no
Brasil eram Rio de Janeiro e Salvador. Locais onde até hoje a cultura afrodescendente
é forte. Na Bahia, muitos negros foram levados para o interior, para cidades
como Feira de Santana. Foi lá que Lucas da Feira, um escravo fugitivo, fez
história. Precursor do cangaço, formou um bando que aterrorizou a região e
ousou a desafiar o sistema da época para viver em liberdade.
Lucas acabou sendo preso pela polícia e morto enforcado em 1849. Mas
ainda é uma figura que simboliza em Feira de Santana a rebelião contra o
sistema escravocrata. “Eles estavam lutando contra uma estrutura violenta e
essa era uma reação a essa estrutura, que tentou tirar dele o direito de ser
humano e de ser livre”, explica a historiadora Eliane de Jesus Costa.
Na história pela liberdade, também entram os quilombos, sempre lembrados
pelo icônico Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi, que chegou a reunir 20
mil escravos fugidos no interior de Alagoas. A historiadora Railma dos Santos
veio de uma comunidade remanescente de quilombo, na Bahia, e explica que várias
tradições saíram desses locais. “São tradições que perpassam a escravidão e a
experiência negra rural do Brasil, como o samba de roda, a bata do feijão,
entre outros”, conta.
Quando houve a abolição da escravatura, havia uma expectativa por parte
da população negra de inclusão social. E não foi o que aconteceu. Mas a partir
daí, também começou a surgir um movimento negro de ajuda aos negros. Prova
disso é a Irmandade dos Homens Pretos, de Salvador, que foi responsável pela
construção da Igreja do Rosário dos Pretos, símbolo do sincretismo religioso no
Pelourinho, em Salvador.
Antes mesmo da abolição, a Irmandade já se movimentava para dar apoio à
comunidade negra. “A irmandade começa a angariar fundos para comprar a
liberdade de negros escravizados e também para poder cuidar do sepultamento
deles”, explica William Justo, primeiro-secretário da Irmandade, que existe até
hoje.
É herança desse tempo também a capoeira, uma mistura de dança, luta,
artes marciais e música. Da proibição, nos tempos da escravidão, para
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, da UNESCO, a capoeira acompanhou a
luta pela liberdade dos negros no país. E hoje, para o mestre de capoeira
Ronaldo Santos Rosa, é uma grande propaganda para o Brasil lá fora: “é o maior
agente de língua portuguesa, eu já vi um japonês, no Japão, cantando em português
porque praticava capoeira”.
O Caminhos da Reportagem produzido pela TV Feira, A luta pela abolição, vai ao ar neste domingo, às 22h,
na TV Brasil.
Fonte:
https://br.yahoo.com/noticias/caminhos-da-reportagem-resgata-tradi%C3%A7%C3%B5es-141100512.html
15-05-22
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