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Unicef/Joshua Estey
Estudantes em Cebu, nas Filipinas, tiram uma selfie na escola.
FacebooTw26 Julho 2023 - Cultura e educação
Em relatório, agência da ONU destaca preocupações com uso excessivo de
telefones e alerta para impacto negativo no aprendizado; documento recomenda
“visão centrada no ser humano” ao utilizar tecnologia na educação e ressalta
lacunas no acesso.
Um relatório da ONU,
publicado nesta quarta-feira, ressalta preocupações sobre o uso excessivo de
smartphones, pedindo que eles sejam banidos das escolas em todo o mundo.
De acordo com a Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura Unesco, o uso excessivo de
telefones celulares impacta o aprendizado.
© Unicef/ Newson Hounkpatin
Especialistas defenderam que haja fronteiras permeáveis entre educação formal e informal. O benefício seria a possibilidade de transitar entre as diversas trajetórias educacionais e laborais. Outra recomendação é que seja promovida a entrada no mercado de trabalho de jovens excluídos do ensino formal investindo numa educação que proteja a biodiversidade
Tecnologia na educação
O levantamento sobre
tecnologia na educação pede aos países a considerar, cuidadosamente, seu uso
nas escolas.
No “Relatório de monitoramento global da educação, resumo, 2023: a tecnologia
na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”, a Unesco enfatiza a necessidade de uma “visão centrada no ser
humano”.
Para a agência da ONU, a
tecnologia digital deve ser utilizada como uma ferramenta e não para substituir
a interação humana.
O diretor de Monitoramento
da Unesco, Manos Antoninis, também alertou sobre o perigo de vazamentos de
dados em tecnologia educacional, já que apenas 16% dos países garantem a
privacidade dos dados na educação por lei.
Ele explica que a grande
quantidade de dados está sendo usada sem a regulamentação adequada, o que pode
servir para fins não educacionais, violando direitos.
Brasil
O relatório lista
resultados de países como Brasil, Camboja, Malauí e México sugerindo que as
crianças perderam pelo menos um ano de aprendizagem. Quanto mais tempo as
escolas permaneceram fechadas, mais forte foi o impacto sobre as perdas de
aprendizagem.
A Unesco sugere padrões
para conectar as escolas à internet entre agora e 2030 e que o foco permaneça
nos mais marginalizados.
O órgão da ONU também
recomenda que os países estabeleçam suas próprias diretrizes para o uso da
tecnologia para garantir que ela complemente o ensino presencial, que continua
sendo crucial para o aprendizado.
Segundo o levantamento,
havia no máximo 10 computadores para cada 100 estudantes no Brasil e no
Marrocos. Já em
Luxemburgo, eram 160 computadores para cada 100 estudantes.
Foto: Acnur/ Egor Dubrovsky
Titular do setor da educação em Portugal fez um apelo para que seja considerado o aspeto cultural e garantida a inclusão
Regulamentação
No Brasil, 31% dos adultos
tinham pelo menos habilidades básicas, mas o nível era duas vezes maior nas
áreas urbanas do que nas rurais, três vezes maior entre os que estavam na força
de trabalho do que entre os que não estavam, e nove vezes maior no grupo
socioeconômico superior do que nos dois grupos inferiores.
Além das desigualdades, a
Unesco também alerta para os riscos de aquisição de tecnologia educacional, que
precisam ser considerados na regulamentação. As compras públicas são
vulneráveis a conluio e corrupção.
De acordo com o relatório,
em 2019, a Controladoria Geral da União do Brasil encontrou irregularidades no processo
de licitação eletrônica para a compra de 1,3 milhão de computadores, laptops e
notebooks para escolas públicas estaduais e municipais.
A Unesco recomenda a
descentralização das compras públicas para os governos locais para buscar
equilibrar alguns dos riscos
Lacunas tecnológicas
O relatório também destaca
as disparidades criadas pela aprendizagem digital. Durante o Covid-19, 500
milhões de estudantes em todo o mundo foram negligenciados devido à mudança
para o aprendizado online, afetando principalmente os mais pobres e os que
vivem em áreas rurais.
Geograficamente, o
documento observou um desequilíbrio significativo nos recursos on-line,
favorecendo a Europa e a América do Norte.
Avaliando a capacidade de inclusão com o uso da
tecnologia, o estudo aponta que nos 27 países da União Europeia, 54% dos
adultos tinham pelo menos habilidades digitais básicas em 2021.
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