Complete o seguinte texto com
as palavras faltantes na lista a seguir e depois discuta com seus colegas e
professor: claro, deste já, fim da Feira, for, mas, onde, pejo, por acaso, só,
sofreguidão, tirou sarro.
Falem mal, mas falem de nós
Recentemente ocorreu mais uma edição da
Feira de Livros de Frankfurt, uma das mais importantes do mundo, ______________________________
(1) as editoras de muitos países levam livros dos seus principais escritores e
intelectuais para serem vendidos e traduzidos. Os alemães são generosos e
festivos e sempre homenageiam um país. Mais uma vez (a primeira foi em 1996), o
Brasil foi homenageado, e o governo federal gastou uma bolada de R$ 18 milhões
levando uma porção dos nossos escritores, entre os mais bem cotados, claro. ______________________________
(2) Paulo Coelho se recusou a comparecer, não se sabe bem o porquê.
Pavilhão
brasileiro na Feira de Livros de Frankfurt. Foto: AP
Na abertura do evento, o escritor Luiz Ruffato leu um discurso cheio de
rancor e extremamente crítico ao Brasil, como cultura e como sociedade.
Explicitou o racismo brasileiro, o extermínio dos índios, a desigualdade
social, entre outros temas, de um modo que não dava saídas. Somos isso que
somos. Não falava da situação atual e sim do próprio ser do Brasil.
A
pergunta que nos cabe é: Somos isso mesmo?
A
repercussão entre os brasileiros foi diversa, de um extremo a outro -- uns a
favor, outros contra. Não sei como pensaram os alemães, provavelmente que somos
muito falastrões. Um crítico alemão ______________________________ (3) e disse
que estamos numa angústia cultural. Cá na terrinha o jornalista Zuenir Ventura,
chateado, relatou um incidente similar, mas de sinal trocado, que ocorreu na
primeira vez que o Brasil fora homenageado. Lá estava presente o antropólogo
Darcy Ribeiro, autor do livro O povo brasileiro, que nunca teve ______________________________
(4) de exaltar a cultura brasileira, apesar dos pesares. Darcy notara que,
deixando de lado a literatura, criara-se um clima de denegrir o Brasil, e ao
ser perguntado provocadoramente por um alemão na platéia se o Brasil continuava
a exterminar seus índios, Darcy retrucara: "Acho que a Alemanha não é o
melhor lugar para se discutir genocídio". A platéia calou-se e os críticos
botaram a viola no saco.
Fica
evidente ______________________________ (5) que Zuenir Ventura e eu, e muitas
outras pessoas, achamos que o discurso de Ruffato foi no mínimo fora de
proporção, se não fora de lugar. Não é por vergonha de ouvirmos uma verdade
dita na Alemanha, ______________________________ (6) pela verdade não ser
completa. Se a questão é lavar roupa suja, por que logo diante de um povo que,
louco e furioso no tempo de Hitler, apoiou até o fim as práticas mais
devastadoras já praticadas por um Estado contra outros Estados e povos?
Certamente que Ruffato e qualquer brasileiro têm motivos de sobra para criticar
o Brasil, aqui e lá fora, e têm todo o direito de fazê-lo. Mas, o que significa
criticar o Brasil no Exterior?
As
pessoas gostam de botar panos quentes em situações embaraçosas. No ______________________________ (7), duas antropólogas brasileiras também aproveitaram a
ocasião para criticar a política indigenista atual, considerando-a perniciosa e
regressiva. Os alemães adoram ouvir isso, ______________________________ (8),
assim esquecem seu passado. A antropóloga Lilian Schwartcz, autora de diversos
livros sobre o racismo no tempo do Império, se propôs a amenizar o discurso de
Ruffato e usou de um trocadilho cheio de ambiguidades: "A questão não é
falar mal do Brasil, mas falar mais". Há ______________________________
(9) alguma censura no falar brasileiro atual?
Parece
que poucos se contêm em abrir o bico contra o Brasil quando está no meio de
estrangeiros, como se fosse para se desculpar de sua origem, ou, quem sabe, pedir
ajuda para melhorar o padrão cultural brasileiro.
Mas
a questão é bem mais ampla.
Conversando
esses dias com um ilustre amigo matemático, de origem judaica e argentina, mas
cidadão americano, e apaixonado pelo Brasil, que considera o melhor país do
mundo (tal como o escritor austríaco Stefan Zweig, autor do livro Brasil:
País do Futuro, e o filósofo checo Vilém Flusser, autor de Fenomenologia
do Brasileiro, ambos também judeus), ele disse aquilo que muitos
estrangeiros encantados com o Brasil e que têm vivência no país sempre dizem:
que os brasileiros têm auto-estima baixa e criticam o país com ______________________________
(10) para estrangeiros não porque não amem sua pátria, mas talvez porque não
têm esperanças de ver o país superar seus defeitos.
Será
esse o caso do escritor Ruffato e de tantos outros mais? E se ______________________________
(11) por isso, será que acham que os estrangeiros nos vão ajudar?
Comentários
Postar um comentário