Confira alguns pontos-chave
do segundo turno das eleições no Brasil
O candidato do PSL Jair Bolsonaro
(C), ao lado de seu filho e senador eleito Flávio Bolsonaro (E), e do
presidente do partido, Gustavo Bebianno, no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de
2018
O segundo
turno das eleições presidenciais, em 28 de outubro, entre o candidato da
extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), grande favorito após vencer com folga no
primeiro turno, e o petista Fernando Haddad, promete mais que duas semanas de
uma campanha tensa.
- Duelo
de extremos -
Esta é a
eleição mais polarizada da história do Brasil.
De um
lado está Bolsonaro, um impulsivo capitão da reserva do Exército que promete
liberar o porte de armas, vender estatais, colocar militares nos ministérios e
acabar com a corrupção.
E do
outro, Haddad, substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
ex-prefeito de São Paulo, professor universitário, de fala pausada, defensor do
"desenvolvimento com inclusão", do aumento do gasto público e de pôr
um fim às privatizações.
Estão em
jogo o indulto a Lula e o fim da Lava Jato, a megaoperação anticorrupção que
investigou dezenas de políticos, costuma advertir Bolsonaro. Estão em risco a
democracia e os direitos dos trabalhadores, adverte Haddad.
A tensão
derivou em agressões e ameaças pelas mãos de supostos "bolsonaristas"
e, inclusive, um mestre de capoeira foi assassinado, segundo testemunhas, após
se desentender com um eleitor de Bolsonaro.
Os dois
candidatos se acusam do bombardeio de notícias falsas que circulam sem controle
pelas redes sociais desde o início da campanha.
- Mercado
de apoios -
Os 46,03%
dos votos que Bolsonaro obteve no domingo o deixaram à beira da vitória no
segundo turno e fazem com que Haddad (29,08%) precise dar uma virada histórica
para conquistar a quinta vitória consecutiva para o Partido dos Trabalhadores
(PT) em uma eleição presidencial.
Desde o
domingo, os dois candidatos têm moderado suas posições na tentativa de
conquistar os 25% dos eleitores que não votaram neles, e de atrair os partidos
e parte dos 20% que se abstiveram.
"Haddad
precisará promover mais mudanças em sua estratégia do que seu adversário,
adotando uma plataforma mais centrista que a que seu partido pleiteou no início
de campanha, sobretudo com relação à política econômica", explicou à AFP
Thomaz Favaro, analista da Control Risks.
Mas
Haddad sofreu uma decepção na quarta-feira, quando o PDT do centro-esquerdista
Ciro Gomes, o terceiro mais votado no primeiro turno (12,47%), declarou que só
lhe daria um "apoio crítico".
- Virtual
e com mais tempo de TV -
Bolsonaro,
que em 6 de setembro levou uma facada que o afastou da campanha nas ruas e o
forçou a se concentrar - com muito sucesso - nas redes sociais, continua sendo
um candidato virtual, muito ativo no Twitter e no Facebook.
Mas
também terá, a partir de sexta-feira, cinco minutos diários de propaganda
gratuita na TV - contra os oito segundos três vezes por semana que teve no
primeiro turno -, que lhe darão muito mais exposição, especialmente entre as
classes sociais com menos acesso à Internet.
O capitão
da reserva, que conquistou o apoio dos mercados, estreou com uma propaganda na
qual agista os fantasmas "comunistas" que supostamente rondam o PT, e
mostra seu lado menos rude: o de um pai que chora de felicidade por sua pequena
filha.
Haddad,
por sua vez, aproveitou seu tempo para denunciar a "violência" de
Bolsonaro, esboçar algumas ideias de governo e se apresentar como um acadêmico
e político preparado, que "também toca guitarra".
O
esquerdista quer forçar um debate, mas seu adversário se apoia no seu estado de
saúde, embora isto não tenha lhe impedido de dar entrevistas.
- Haddad
não é Lula -
As
críticas contra Lula de boa parte da sociedade tornam mais difícil que Haddad,
seu afilhado político, construa uma aliança de "forças democráticas"
para isolar o controverso capitão da reserva, ao estilo da Frente Republicana
que bloqueou os ultradireitistas Jean-Marie e Marine Le Pen na França.
Talvez
consciente disso, Lula pediu na terça-feira que Haddad não volte a visitá-lo na
prisão, em Curitiba, como fazia todas as segundas-feiras, e que se dedique a
fazer campanha, segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Será
preciso ver até que ponto Haddad pode ganhar autonomia de seu mentor e qual
impacto essa jogada terá na intenção de votos. A única pesquisa realizada até
agora o coloca 16 pontos atrás de Bolsonaro (58% a 42%).
-
Venezuela versus Argentina -
Em 2016,
a chegada do presidente Michel Temer ao poder após a destituição da esquerdista
Dilma Rousseff reforçou a guinada conservadora iniciada nos últimos anos na
América do Sul em países como Argentina, Chile e Paraguai.
Agora, o
duelo Bolsonaro-Haddad determinará se a principal economia latino-americana
aprofunda este caminho ou se inclina novamente para a esquerda.
O capitão
da reserva, que se declara um admirado do presidente Donald Trump, não deixa de
advertir que, se o PT voltar ao poder, o Brasil se transformaria uma nova
Venezuela.
O
ex-prefeito de São Paulo afirma, ao contrário, que as receitas neoliberais de
Bolsonaro poderiam levar a uma derrocada financeira como ocorreu na Argentina.
Fonte: https://br.yahoo.com/noticias/confira-alguns-pontos-chave-segundo-turno-das-elei%C3%A7%C3%B5es-172501494.html
13-10-18
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