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Golpe eterno



Leia o seguinte texto e complete os espaços vagos com os seguintes artigos, preposições e contrações: a, a, a, da, de, do, em, na, no, no, no, o, o, o, os, os, para, um. 


Golpe eterno

Por Fernanda Pompeu | Mente Aberta – ter, 1 de abr de 2014



Não consigo contar quantas chuvas desabaram, quantas pedras rolaram, quantos pedágios paguei, quantos tomates comi, quantas pessoas amei, quantas detestei, quantas palavras escrevi nos últimos cinquenta anos. Meio século não é continha à toa. Mas trago na memória fresquinho o Golpe Militar ocorrido há exatas cincos décadas.
Lembro com precisão do mês de abril de 1964. Eu tinha oito anos, quando ______ delegado de polícia e soldados do exército invadiram a minha casa e arrastaram preso meu pai. Foi ______ primeira vez que vi papai chorar. A segunda foi ______ enterro da minha avó. A terceira e última foi ______ novembro de 2013, quando ele concluiu que estava morrendo.
É evidente que na época nada entendi. Meu pai não era ladrão, não era corrupto, não tinha matado ninguém. Só depois descobri ______ motivo da prisão: ele era um brasileiro, como tantos outros, que tinha ideias políticas muito firmes. ______ caso dele, era um sindicalista bancário e comunista de coração e carteirinha.
______  os militares e civis que apoiaram a deposição ______ democracia, comunistas eram a encarnação do mal e portanto mereciam ir para ______ cadeia. Mais tarde, eles passaram a merecer não apenas a prisão, mas também a tortura e a morte. Foram tempos brutos.
O pessoal mais jovem, particularmente ______ nascidos na democracia, tendem a achar que a ditadura militar já é história. Época emoldurada em livros, por sua vez empoeirados em bibliotecas. Mas a vida não é simples assim. O passado político é como aquele ex que teima em não sair ______ circuito. Bobeou, ele invade a área.
Ou dito de maneira mais elegante: a liberdade ______ exprimir ideias, valores, sonhos precisa ser protegida todos ______ dias. Pois sempre haverá autoritários e violentos. Gente louca para, ______ primeira oportunidade, cortar cabeças libertárias, calar descontentes, cegar visionários, matar diferentes.
Durante minha adolescência e um bom pedaço da juventude, eu tinha que esconder alguns livros, ouvir baixinho algumas canções, escrever fatos com metáforas, policiar até pensamentos. Hoje isso acabou. Falo, leio e escrevo ______ que quero.
Tenho certeza que não irei para a prisão por me expressar assim ou assado. Posto livremente ______ Facebook. Curto, comento, compartilho sem me preocupar com a censura, a repressão, a perseguição. Mas, passado meio século, ______ sofrimento impingido ______ minha família e a mim não se apaga.
Imagem: Régine Ferrandis sobre obra de Gustavo Rezende.
 

 

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