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Notícias - 10 de maio de 2016
Participou também do encontro a juíza Kenarik Boujikian Felippe,
do Tribunal de Justiça de SP. Elas entregaram ao pontífice uma carta escrita
pelo advogado Marcello Lavenère, autor do pedido de impeachment de Fernando
Collor, em 1992, e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da
Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Lavenère, hoje, é um dos
principais críticos do afastamento de Dilma.
“Ele nos ouviu
atentamente, nos disse que irá orar pelo povo brasileiro, que se preocupa com o
Brasil. E, perguntado sobre a postura de um diálogo necessário sobre o nosso ponto
de vista, reiterou que o diálogo é sim uma necessidade para a construção de um
mundo melhor para todos”, afirmou Boujikian Felippe à Rádio França
Internacional (RFI). Segundo ela, uma das fundadoras da Associação de Juízes
para a Democracia, o objetivo foi mostrar ao papa “o lado dos movimentos
sociais” na atual crise política.
“Esse clima de
intolerância é como uma doença, acho que é pertinente pedirmos auxílio e
levarmos ao papa o que está acontecendo. Existe uma sombra, um ódio, uma busca
pelo bode expiatório que não vai resolver a situação sistemática do país”,
completou a atriz, também em entrevista à RFI.
A carta de
Marcello Lavenère, por sua vez, afirma que o Brasil “se encontra na iminência
de sofrer um ‘golpe de estado’” e que o impeachment de Dilma é “desprovido de
fundamento legal”. Outro argumento do advogado é a questionável articulação
política dos parlamentares e partidos da oposição, muitos envolvidos em
investigações de esquemas de corrupção, além do fato que o processo anularia os
votos de 54 milhões de brasileiros.
“Esta conjuntura
tem réplicas em outros países sul-americanos em que governos com a mesma
orientação contrária à visão neoliberal e em favor de políticas de inclusão
foram ou estão na iminência de serem desestabilizados”, diz o documento,
solicitado por João Pedro Stedile, diretor nacional do MST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra).
Clique aqui para ler, na íntegra, a carta assinada
por Marcello Lavenère, disponibilizada pelo portal Brasil de Fato.
Foto: Marcello
Lavenère/Reprodução
Por 55 votos a e 22 contra, Senado abre
processo de impeachment de Dilma
Após sessão que durou o dia todo, adentrou a madrugada e terminou apenas
na manhã desta quinta-feira (12), o Senado Federal decidiu pelo afastamento da
presidente Dilma Rousseff (PT). O placar que levou à decisão foi de 55 a 22.
Com isso, o então vice Michel Temer assume a presidência da República.
A confirmação do
afastamento de Dilma, que pode durar até 180 dias, acontece após uma semana
tumultuada. Na segunda-feira (9), o presidente interino da Câmara, Waldir
Maranhão (PP-MA), anulou a votação dos deputados. Pouco depois, porém, voltou
atrás.
Ainda antes da
votação no Senado, o Planalto tentou suas últimas cartadas com apelação ao
Supremo Tribunal Federal. O STF, no entanto, também negou ao governo a anulação
do processo de impeachment de Dilma.
A sessão no
Senado foi bastante longa, mais ainda do que a votação no Congresso, realizada
no dia 17 de abril. Todos os 68 senadores aptos para votar fizeram seus
discursos, que tiveram duração máxima de 15 minutos — quase todos usaram a
totalidade do tempo.
Ao longo do dia,
o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou fazer com que alguns
congressistas abrissem mão do discurso integral para que o processo fosse
acelerado. Não houve consenso sobre a proposta e, por isso, ela sequer foi
votada pelos senadores.
Dilma Rousseff
foi eleita presidente da República para seu segundo mandato em 26 de outubro de
2014. À época, a petista venceu a disputa com o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
com a marca de mais de 54 milhões de votos recebidos.
Diante de uma
Câmara formada com maioria da oposição e a insatisfação popular por conta da
crescente crise econômica, Dilma teve quase nenhuma governabilidade em 2015,
primeiro ano do seu segundo mandato.
Ainda no começo
de 2015, mais de 2 milhões foram às rua no Brasil para pedir o impeachment da
então presidente. Mais adiante, Temer rompeu com Dilma e a petista viu toda sua
força política na Câmara sumir. Pouco depois, em 2 de dezembro do ano passado,
o então presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido
de impeachment.
Com o pedido
aceito, 2016 começou com muitas manifestações, tanto contra quanto a favor do
impeachment. Concomitante a isso, a Câmara analisava o pedido de impedimento
feito pelo ex-procurador de justiça Hélio Bicudo e os advogados Janaína
Paschoal e Miguel Reale Júnior.
Os três
utilizaram as chamadas “pedaladas fiscais” para afirmar que Dilma cometeu crime de improbidade administrativa. Na votação feita pelos deputados em
17 de abril deste ano, a então presidente sofreu derrota expressiva, com 367
votos favoráveis ao seu impedimento contra 137 contrários.
De acordo com
assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, Dilma falará com a imprensa em
entrevista coletiva que deverá acontecer por volta das 10h (horário de
Brasília) desta quinta-feira (12).
Um dos cotados à
Casa Civil no novo governo, o ex-ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS) afirmou que
Temer deverá falar com a imprensa também na quinta, em pronunciamento no qual
provavelmente irá também anunciar sua nova equipe.
Fonte: http://radiobrasildigital.com.br/;
https://br.noticias.yahoo.com/senado-decide-pelo-afastamento-de-dilma-rousseff-093439097.html
12-05-16
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