Pular para o conteúdo principal

Preços da comida elevados e luta por gasolina marcam o dia no Brasil



Preços da comida elevados e luta por gasolina marcam o dia no Brasil
Por Carola SOLÉ, con Johannes MYBURGH en Sao Paulo,AFP 29-05-18
Vendedor carrega mercadoria na Ceasa, no Rio de Janeiro, em 29 de maio de 2018 

Em um Brasil praticamente paralisado pela gigantesca greve de caminhoneiros, que começou a se desmobilizar nesta terça-feira (29), os ovos se tornaram praticamente um produto de luxo e a gasolina virou alvo de brigas.
No maior centro de abastecimento do Rio de Janeiro, a Ceasa, cerca de 40 pessoas esperavam na fila nesta manhã para comprar um dos ingredientes mais necessários e abundantes no país: ovos. Muitos se consideravam sortudos - apesar de pagar o dobro do valor normal por eles.
A Mantiqueira, maior fabricante de ovos do país, estava há nove dias sem poder vender no Rio e precisou sacrificar 100 mil galinhas por falta de alimentos, em meio à greve que desde segunda-feira passada bloqueia estradas e a distribuição de petróleo e produtos no país.
Mas na madrugada desta terça, com o crescente fim dos bloqueios, três caminhões da empresa conseguiram viajar de sua granja em Minas Gerais para o Rio, burlando possíveis bloqueios por vias alternativas com escoltas privadas.
"Foi complicado tanto para a gente como para os clientes porque faltou produto para todo o mundo. Os ovos são muito roubados, mas, graças a Deus, a gente está conseguindo atender à população hoje", disse Dulce Azevedo, encarregada da empresa no galpão da Ceasa.
Outros produtores de alimentos e transporte de petróleo foram escoltados pelo Exército, sob uma medida extraordinária do governo federal.
Cerca de 150 caminhões com comida foram para o Rio. Entre eles estava Jonas José Tomas, agricultor de Teresópolis, feliz por poder voltar a vender suas caixas de alface, coentro e couves, que já ameaçavam estragar.
"Se não tivesse o Exército, ninguém podia vir vender. A gente ficava com medo de tomar uma pedrada ou um tiro", reconheceu o produtor de 52 anos que, contudo, defendia a greve dos caminhoneiros contra os altos preços do diesel porque "ninguém aguentava mais".
- Um 'absurdo' -
No centro da cidade, os clientes de um supermercado ficaram chocados com os preços das frutas e verduras - que voltavam a colorir as gôndolas, há dias vazias, ou apenas com produtos enlatados.
O quilo de tomates custava o triplo do original e o de batatas, o dobro. Em uma loja perto dali, o cenário era ainda pior. A ervilha custava quatro vezes mais que antes da greve.
"É absurdo. Está tudo caro! Eles dizem que têm dificuldades para trazer os produtos, mas acho que também aproveitam, né? Não adianta, não tem como comprar agora", queixou-se Maria José Fermim, aposentada de 62 anos.
"Eu só voltarei a comprar verduras quando a coisa voltar a se normalizar. Posso viver uns dias sem alface", concorda Nair Rodrigues, de 70 anos, que levava apenas pães e salsichas.
- Na briga por petróleo -
A distribuição de combustível começou a ser normalizada nesta terça, mas em São Paulo ainda era praticamente impossível conseguir abastecer.
Em um posto, a polícia teve que intervir para interromper uma briga entre motoristas, depois de um deles ser acusado de furar fila.
"Já tinha uma fila enorme, estou há três horas esperando (...). Poucos postos estão abastecendo, então os que têm é essa bagunça", explicou João Carlos Coelho, agente de segurança de 53 anos.
Cenas parecidas se repetiram em vários pontos do país, com pessoas fazendo filas quilométricas, algumas a pé com galões na mão.
Embora a greve dê sinais de estar perto do fim, o ambiente continua tenso e preocupante.
Maria da Graça, funcionária de uma editora em São Paulo, disse que os brasileiros se sentiram abandonados durante a crise.
"Enquanto não houver um governo que cuide do povo, e não de si mesmo, não vai mudar nunca", afirmou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As 20 mulheres mais poderosas do mundo segundo a Forbes

Saiba quem são as 20 personalidades mais influentes do mundo, de acordo com a revista Forbes. 1. Angela Merkel , 57 anos, chanceler da Alemanha, é considerada a mulher mais poderosa do mundo (e a 4ª pessoa mais importante do mundo, em uma lista que inclui os homens)! Ela controla o país com uma das economias mais importantes do mundo e é vista como a líder da União Européia. 2. Hilary Clinton , 64 anos, secretária de Estado dos Estados Unidos, é a segunda mulher mais poderosa do mundo. Ela ajudou a segurar a imagem e as relações do país em situações conturbadas, como a Primavera Árabe, o caso Wikileaks e a morte de Osama Bin Laden. 3. Dilma Rousseff , 63 anos, nossa presidente, é a terceira mulher mais poderosa do mundo. A revista Forbes destaca que Dilma passou seu primeiro ano de governo "limpando a casa", afastando ministros e outros parlamentares acusados de corrupção. 4. Indra Nooyi , 55 anos, é a chefe executiva da Pepsico e quarta mulher mais poderosa do mundo. El...

Santo Antônio de Lisboa define sua Corte para o Carnaval 2025

Javier Trampa e a universalização do golpe

  Presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Milken Institute Milei não é o Presidente da República Argentina metido em um golpe. É um golpista metido na Presidência.   Carta Capital - Por JOSÉ GUILHERME PEREIRA LEITE - 19.02.2025 – Opinião (ouça este conteúdo) Comecemos por onde se deve: Javier Milei não é o Presidente da República Argentina metido em um golpe. É um golpista metido na Presidência. E quem deve ser interpelado, judicialmente, são também seus eleitores, todos eles, pobres e ricos, altos e baixos, por exercício temerário do direito de voto. O filósofo Paulo Arantes deu a fórmula vocabular – e cômica – do problema em 2016, quando Temer começava seus enredos de Iago contra Dilma Rousseff: sim, é um golpe; sim, são golpistas; mas não pensem mais em golpe no sentido épico-revolucionário do XIX e do XX, com disparos de tanque, fuzil e fumaça. São golpistas rebaixados, chicaneiros, punguistas, batedores de carteira. São golpes de praça, golpistas de comar...