Coronavírus já matou mais de 800, superando balanço mundial da SRAS
Yahoo Notícias9 de fevereiro de 2020
(STRINGER/AFP
via Getty Images)
O novo coronavírus
matou mais de 800 pessoas, quase todas na China, superando o balanço global da
SARS, mas a OMS anunciou "boas notícias" na estabilização do número
diário de infecções.
O vírus
2019-nCoV, que apareceu em dezembro em um mercado em Wuhan (centro da China),
matou mais 89 pessoas na China continental (excluindo Hong Kong e Macau), um
novo recorde diário, anunciou neste domingo a Comissão Nacional de Saúde.
Enquanto
parte do país está de fato em quarentena, o balanço da epidemia na China
continental chegou a 811 mortos, aos quais se acrescenta uma morte em Hong Kong
e outra nas Filipinas. Agora, excede o da Síndrome Respiratória Aguda Severa
(SARS), que matou 774 pessoas em todo o mundo em 2002-2003.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, estimou no sábado que o número
de casos de contaminação detectados diariamente na China está se estabilizando,
mesmo que seja muito cedo para concluir que a epidemia passou do seu auge.
"Registramos
um período de estabilidade de quatro dias, em que o número de casos relatados
não aumentou. Isso é uma boa notícia e pode refletir o impacto das medidas de
controle implementadas", afirmou o responsável dos programas sanitários de
emergência da OMS, Michael Ryan.
Na China
continental, o número de casos confirmados neste domingo é de quase 37.200, ou
2.600 casos adicionais em comparação com a avaliação diária anterior.
Este
último número é significativamente menor do que as quase 3.900 novas infecções
anunciadas na quarta-feira pelas autoridades chinesas em seu relatório diário.
Para o
cientista americano Ian Lipkin, da Universidade Columbia, a epidemia pode
atingir seu pico nas próximas duas semanas antes de retroceder acentuadamente.
A chegada
de um clima quente também pode ajudar a conter a epidemia, segundo este
especialista que trabalhou na China sobre a SARS.
- Cartas
abertas -
Em vista
do declínio no número de novas contaminações, "acho que em 15 dias as
coisas vão melhorar", disse à AFP Melissa Santos, uma estudante dominicana
que não sai de seu apartamento em Wuhan há uma semana.
Mas a
situação ainda parece caótica nos hospitais da cidade isolada do mundo desde 23
de janeiro.
A
moradora Chen Yiping relata que sua mãe de 61 anos ainda aguarda tratamento
hospitalar apesar dos sintomas graves "porque há muitas pessoas que
precisam de tratamento".
"A
prefeitura pede que as pessoas fiquem em casa o máximo possível, mas não há
produtos suficientes nas lojas, por isso temos que ir às compras com
frequência", disse uma moradora chamada Wei, cujo marido está contaminado.
Devido
aos problemas de transporte, preços e de mão-de-obra, "a oferta tem
dificuldades para atingir níveis normais", reconheceu uma autoridade do
Ministério do Comércio, Wang Bin.
A epidemia
continua a se espalhar pelo mundo. Mais de 320 casos de contaminação foram
confirmados em cerca de trinta países e territórios. Cinco novos casos (quatro
adultos e uma criança, todos de nacionalidade britânica) foram anunciados na
França no sábado, elevando para 11 o total 11 no país.
Na
própria China, a morte na sexta-feira de um jovem médico que havia sido
repreendido por ter dado o alerta no final de dezembro continuava causando
polêmica, em um país onde as informações são rigorosamente controladas.
Intelectuais
divulgaram pelo menos duas cartas abertas que circulam nas redes sociais desde
a morte do doutor Li Wenliang em um hospital em Wuhan.
O médico,
que morreu de coronavírus, agora é um mártir diante de autoridades locais
acusadas de esconder o início da epidemia.
"Chega
de restringir a liberdade de expressão", pedem dez professores de Wuhan,
em uma carta que foi posteriormente apagada da rede social Weibo.
Outra
carta de ex-alunos anônimos da prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim,
pede ao Partido Comunista Chinês (PCC) que pare de fazer da "segurança
política a única prioridade".
O regime
comunista reagiu anunciando na sexta-feira o envio de uma comissão de inquérito
a Wuhan.
- Fim de
cruzeiro -
Em outros
lugares, muitos países estão reforçando suas medidas restritivas contra pessoas
da China e desaconselhando a viagem a este país.
A maioria
das companhias aéreas internacionais suspendeu voos para a China continental.
Um
segundo e "último" avião fretado por Londres para repatriar cerca de
200 britânicos e outros estrangeiros pousou no Reino Unido na manhã de domingo,
enquanto as 34 pessoas repatriadas pelo Brasil de Wuhan chegaram esta manhã em
Anápolis, onde foram colocadas em quarentena em uma base militar.
Em Hong
Kong, os 1.800 turistas confinados em um transatlântico há cinco dias foram
autorizados a desembarcar neste domingo, depois que os 1.800 tripulantes
testaram negativos para o vírus.
As
autoridades temiam que alguns tripulantes tivessem contraído o vírus de uma
viagem anterior.
Da AFP
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